Apr 20 de 2024

Emergência climática exige corrida às eólicas

18/10/2021

Embora já esteja consolidada como um dos grandes pilares do processo global de transição energética, a fonte eólica precisa urgentemente acelerar seu ritmo de crescimento


Ritmo global de instalação de usinas precisa quadruplicar, diz Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).


Embora já esteja consolidada como um dos grandes pilares do processo global de transição energética, a fonte eólica precisa urgentemente acelerar seu ritmo de crescimento. Para que países consigam atingir a meta de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o volume de implantação de usinas eólicas, até 2030, tem de quadruplicar em relação aos 93 gigawatts (GW) instalados no ano passado - marca que significou um recorde para a indústria, que hoje beira os 800 GW de potência em todo o mundo.

A constatação é de um manifesto lançado ontem pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), assinado por cerca de 90 empresas e entidades que atuam na cadeia. “Em uma emergência climática, que demanda respostas rápidas e ambiciosas, estamos operando quase no modo ‘business as usual’ [o mesmo de sempre], como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Para nós, os processos e compromissos precisam estar em conformidade com a situação de urgência”, disse o presidente do GWEC, Ben Backwell, ao Valor.

A necessidade de apertar o passo na geração de energia renovável será alvo de debate na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Cop26), que começa no fim deste mês. Segundo o GWEC, mantidas as taxas atuais de crescimento da fonte, o mundo chegaria a 2050 com apenas 43% da capacidade de energia eólica necessária para zerar emissões líquidas. Isso comprometeria a descarbonização não só do setor de energia, mas também de ramos da indústria e de transporte.

Backwell diz ter uma expectativa positiva para a Cop26. Para ele, trata-se de um momento decisivo para que os governos efetivamente se comprometam com a pauta das renováveis, criando estratégias firmes para eliminar a geração a carvão e suprimir barreiras regulatórias que atrasam o avanço das fontes limpas.

Um dos gargalos identificados pelo GWEC está em processos excessivamente complexos e burocráticos de implantação de parques eólicos- essa é uma questão que surge até mesmo em mercados líderes da fonte, como Alemanha e Índia. Para projetos em terra (“onshore”), o licenciamento pode levar mais de oito anos, segundo a associação WindEurope. Já para os marítimos (“offshore”), são pelo menos seis anos para autorização.

Já em regiões como Sudeste Asiático e África, as dificuldades enfrentadas pela indústria eólica são maiores. “Em alguns casos, não tem mercado para a fonte, nem uma luta para que ele exista. O mercado não está nem criado para essa transição, não há leilões regulados pelo governo, nem mercado livre de energia, como acontece no Brasil”, aponta Backwell.

No Brasil, a energia eólica ganhou impulso a partir do Proinfa, programa de incentivo às renováveis criado em 2004. Em 2021, passados pouco mais de 10 anos do primeiro leilão exclusivo para contratação de eólicas, o país já conta com 19 GW instalados e mais de 730 parques. A fonte vem crescendo mais de 2 GW por ano, puxada principalmente por novos projetos no mercado livre. Para ABEEólica (associação do setor), a taxa pode evoluir para 3 a 4 GW nos próximos anos, fazendo com que a tecnologia supere os 30 GW em 2024.

“O país tem um papel muito relevante por ser um dos mais ricos do mundo em recursos renováveis. E podemos contribuir ainda mais para a matriz elétrica e energética global - a eletricidade não é exportável, mas os produtos de indústrias que devem se descarbonizar e eletrificar, como a mineral e a química, sim. E isso numa visão de curto prazo, a partir de 2030 vislumbramos ainda a produção do hidrogênio verde a partir das energias renováveis”, afirma Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.

Já bem consolidado no país, o segmento está de olho agora nas novas fronteiras: projetos “offshore” e híbridos, combinando geração solar ou soluções de armazenamento. No caso da “offshore”, a expectativa é que o governo lance, em breve, um decreto contendo as bases para o desenvolvimento local desse mercado. “Investidores nós já temos. Hoje, estão em licenciamento no Ibama mais de 42 GW”. Grandes companhias, como Neoenergia e Equinor, vêm estudando empreendimentos do tipo.

Outra preocupação tem sido garantir que a própria cadeia produtiva das eólicas possa ser mais sustentável e inclusiva. No Brasil, questões sociais vêm ganhando mais atenção das empresas do segmento, até pelo potencial de geração de renda que os projetos eólicos levam a municípios que, em geral, têm poucas alternativas de desenvolvimento econômico.

Fonte e Imagem: Valor Ecnômico.





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